ATA DA SEXTA REUNIÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 10-7-2002.

 


Aos dez dias do mês de julho do ano dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e cinco minutos, foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Ervino Besson, Fernando Záchia, Haroldo de Souza, João Antonio Dib e Raul Carrion, Titulares. Ainda, durante a Reunião, compareceram os Vereadores Juarez Pinheiro e Paulo Brum, Titulares. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Quarta Reunião Ordinária que, juntamente com a Ata da Reunião de Instalação da Segunda Comissão Representativa e as Atas da Primeira, Segunda e Terceira Reuniões Ordinárias, deixou de ser votada face à inexistência de quórum deliberativo. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Haroldo de Souza, 02 Pedidos de Providências. Também, foi apregoado o Ofício n° 497/02, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, informando que se ausentará do Município a partir das dezoito horas de hoje, retornando no final da tarde do dia treze de junho do corrente, a fim de participar da 43ª Reunião Geral da Frente Nacional de Prefeitos, a ser realizada na Cidade de Vitória - ES. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofício nº 461/02, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; Comunicado n° 032769/02, da Senhora Mônica Messemberg Guimarães, Secretária-Executiva do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Fernando Záchia pronunciou-se sobre a legislação atualmente em vigor no Município, originada pelo Projeto de Lei do Legislativo nº 027/00, de autoria de Sua Excelência, que dispõe sobre o aproveitamento de sobras de alimentos próprios para o consumo humano, criticando o Executivo Municipal pela falta de adoção de medidas tendentes à regulamentação dessa lei, o que impede o seu efetivo cumprimento. O Vereador Cassiá Carpes referiu-se à matéria publicada na edição de hoje do jornal O Sul, relativa a denúncias de perseguições políticas sofridas por funcionários da Companhia Riograndense de Saneamento - CORSAN. Também, externou sua contrariedade às políticas de segurança pública implementadas no Estado e discorreu sobre a coligação firmada entre esse Partido dos Trabalhadores e o Partido Liberal, para a disputa das próximas eleições gerais brasileiras. O Vereador João Antonio Dib, reportando-se ao pronunciamento efetuado pelo Vereador Fernando Záchia, relativo à falta de regulamentação de leis produzidas por esta Casa, manifestou-se sobre determinação do Executivo Municipal, no sentido de retirar os suportes para colocação de sacos de lixo existentes nas ruas de Porto Alegre e abordou dados alusivos ao montante de verbas auferidas pelo Município a título de recolhimento de tributos. O Vereador Adeli Sell destacou a importância do debate sobre o Projeto de Lei do Executivo n° 044/02, que dispõe sobre as Diretrizes Orçamentárias para o ano dois mil e três. Também, respondeu aos questionamentos do Vereador Fernando Záchia, quanto à ausência de regulamentação da lei originada pela aprovação do Projeto de Lei do Legislativo nº 027/00 e manifestou-se sobre anúncios publicados em jornais da Cidade, os quais oferecem produtos oriundos de crimes contra o patrimônio. O Vereador Raul Carrion referiu-se à visita realizada hoje por Sua Excelência à Estação de Tratamento de Esgotos localizada no Bairro Navegantes, informando ter participado de Audiência Pública destinada a discutir o Projeto Entrada da Cidade. Ainda, teceu considerações sobre o arquivamento de pedido de intervenção federal no Estado do Espírito Santo e mencionou manchete publicada no jornal Correio do Povo de hoje, intitulada "FHC ataca o neoliberalismo". O Vereador Ervino Besson reportou-se ao pronunciamento efetuado pelo Vereador Fernando Záchia em Comunicação de Líder, no que tange à falta de regulamentação, por parte do Executivo Municipal, do Projeto de Lei do Legislativo nº 027/00, que dispõe sobre o aproveitamento de sobras de alimentos próprios para o consumo humano. Também, registrou a realização, no dia seis de julho do corrente, no Grêmio Náutico União, do 22° Baile dos Panificadores. Às dez horas e vinte e nove minutos, constatada a inexistência de quórum para ingresso na Ordem do Dia, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Carlos Alberto Garcia, João Antonio Dib e Ervino Besson, os dois últimos nos termos do artigo 27, parágrafo único, do Regimento, e secretariados pelo Vereador Ervino Besson, como Secretário "ad hoc". Do que eu, Ervino Besson, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão.

O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, no ano passado, na verdade, no dia 18 de fevereiro de 2000, este Vereador ingressava aqui nesta Casa com um Projeto para ser amplamente discutido pelos Srs. Vereadores, sobre aproveitamento de alimentos não-servidos e próprios para o consumo humano. Foi devidamente discutido em todas as Comissões, amplamente debatido por todos os Srs. e Sr.as Vereadoras.

No dia 24 de outubro de 2001, portanto, um ano e oito meses depois, com todo o tempo possível para se discutir matéria dessa importância, foi aprovado com Emendas por parte do Executivo, para deixar esse Projeto com todas as condições de ser realizado. O objetivo era esse: fazermos com que não ficasse somente numa lei, mas algo que pudesse, na prática, ser viabilizado. Então, foi construído, com a participação do Executivo, através de duas Emendas.

No dia 5 de dezembro do mesmo ano, este Vereador, que naquele momento, com muita honra, presidia a Câmara de Vereadores, foi convidado pelo então Prefeito Tarso Genro para participar, lá na Prefeitura, de um grande ato sancionando essa lei. E lá estavam os Secretários municipais, assessores do Sr. Prefeito, imprensa, ou seja, foi amplamente divulgado. E Porto Alegre, com a Câmara, construíam uma Lei que permitia fazer com que esses alimentos não-servidos, em tese, as sobras de alimentos, não os restos, pudessem ser devidamente distribuídos às creches, aos asilos, àquelas crianças que não têm o que comer, aos idosos que não têm com o que se alimentar. E foi divulgado. E naquele momento, na sanção, no dia 5 de dezembro de 2001, o Sr. Secretário da Saúde, Dr. Joaquim, fazia um apelo ao Vereador: “Olha, Ver. Fernando Záchia, a Lei fala, lá no seu art. 4.º, que o Poder Executivo Municipal regulamentará essa lei no prazo máximo de 60 dias. Pela complexidade da operação, quem sabe mais 30 dias...” E eu dizia: “Dr. Joaquim, o prazo não é determinante, o importante é que possamos viabilizar junto às entidades e instituições que querem participar, diversos comerciantes, a iniciativa privada tem esse espírito.” E quando viam que era uma Lei em que havia participação do Executivo, ligavam para o meu gabinete para saber como poderiam participar. Nós deixamos o cunho administrativo e gerencial ao Executivo para que não houvesse, Ver. Adeli Sell, dúvida. Eu disse: “Dr. Joaquim, se tiver que ter mais 90 dias, o importante é que possamos, na regulamentação, viabilizar essa lei.”

Nós estamos no dia 10 de julho, portanto, 8 meses após a sanção festejada pelo então Prefeito, 8 meses após o Sr. Prefeito ter convocado a imprensa no seu gabinete, na Prefeitura Municipal, divulgando que estava lá fazendo um ato dizendo que ia ajudar as crianças e os idosos de Porto Alegre. Passaram-se 8 meses e não existe nada, absolutamente nada! Se ligarem para a Secretaria Municipal da Saúde ninguém sabe de nada. Não há um estudo, não há uma comissão, nada progride para que se possa regulamentar uma Lei que foi aprovada por esta Câmara, com a participação do Executivo. Joga-se para a torcida. É importante, divulga-se que há uma participação, e aí deixa esta Casa, a Câmara – e eu luto pela instituição –, com a imagem de que a instituição faz leis que não são viabilizadas, leis que não servem na prática para a sua execução na Cidade de Porto Alegre. Quem tem a obrigação, e diz o art. 4.º da Lei, de regulamentar essa Lei e colocá-la em prática não é a Câmara Municipal, que debateu durante um ano e oito meses e aceitou as Emendas do Executivo. Quem tem de regulamentar são os técnicos do Executivo; essa é a sua obrigação, e não o fizeram.

Pena que o Ver. Marcelo Danéris não está aqui, porque na semana passada este Vereador fazia uma crítica ao Veto dos pardais e o Ver. Marcelo Danéris dizia: “Não, mas é eleitoreiro.” Não é eleitoreiro. Em 1999, quando se instalou o primeiro pardal, eu já fazia aqui uma crítica dura. Reclamar da omissão do Executivo, há três meses da eleição, não é problema nosso. Se tivesse sido regulamentado até 90 dias, em março, na cidade de Porto Alegre as crianças que não têm o que comer, os velhos que não têm o que comer. Estaríamos todos aplaudindo a iniciativa do Executivo. Se o Executivo não regulamentou, temos a obrigação de criticar - essa é a função da Casa. Temos a obrigação de dizer para todo mundo que a irresponsabilidade não é da Câmara; a irresponsabilidade é daquele que tem o dever e o poder de regulamentar e não o faz. Essa me parece a segunda função da Câmara. A primeira já realizamos, que era fazer a Lei de maneira conjunta. Fizemos, e o Executivo, mais uma vez, não executa. Mas o Sr. Prefeito da época, o Sr. Tarso Genro, tirou diversas fotografias, assinando a Lei e convocou a imprensa; não foi este Vereador. Estavam lá diversos Secretários, assessores, todos para a foto, todos para as imagens da televisão. Oito meses se passaram. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós não podemos fugir da realidade do nosso Estado. Nós vimos hoje, na página 3 do jornal O Sul: (Lê.) “Funcionários da CORSAN denunciam perseguição. Onze engenheiros da CORSAN vão entrar na Justiça contra a ordem de transferência para o interior que receberam pelo correio no final de semana.” Esse é o PT que ameaça jornalistas, que faz uma perseguição constante contra aqueles que não compactuam, que não concordam com essa linha programática do PT. Quanto à segurança, nós estamos acompanhando que alguns oficiais da Brigada já levaram a lavagem cerebral do PT, dizendo que o problema social é a única causa, parecendo que o problema social no Brasil é de hoje. Nós vimos que o PT está fugindo daquilo que é a realidade, que é o aumento de criminalidade. É a mesma coisa dizer que só o pobre comete o crime, quando sabemos, por exemplo, que o traficante não é tão pobre; ele manuseia milhares de reais, de dólares, e, portanto, também é uma pessoa com o poder aquisitivo alto para fazer essa rede, usando até os adolescentes, os meninos, os pobres, chegando até as vilas. Mas dizer que o problema da criminalidade é só um problema social eu acho que é muito pouco para um Estado de cultura até diferente, como é o Estado do Rio Grande do Sul, que preserva certas coisas que são importantes para a nossa sociedade e que está hoje banalizada pela criminalidade, pelo tráfico de drogas, a ponto de não termos mais tranqüilidade na família, conseqüentemente nas escolas.

Estou vendo aqui, e isso mostra que o PT mudou muito, Ver. João Antonio Dib e Ver. Fernando Záchia, o Ver. Marcelo Danéris, Líder da Bancada, mostra um trabalho belíssimo, e também estou vendo que ali está o Gov. Olívio Dutra quando era do Sindicato dos Bancários, o Lula quando era do Sindicato de São Paulo, o atual candidato a Governador, Tarso Genro, de barba, camisa esporte - todo mundo popular.

Hoje, o PT está aliado ao PL. Quem imaginaria que o PT estaria aliado, no Brasil inteiro, ao Partido Liberal. Olha que mudança! Que mudança! E já estão brigando, no centro do País. A Senadora, uma batalhadora lá de Alagoas, desistiu da sua candidatura, porque não concorda com esse posicionamento. O Secretário de Segurança do nosso Estado, que o PT vai levar até o final do seu Governo para enterrar de vez esse Governo, quando dá declaração é um desastre; é impressionante, ele consegue deteriorar quando ele quer unir a Brigada Militar com a Polícia Civil. Primeiro ele desmantela, depois quer unir e aí perguntam e ele novamente deteriora a capacidade de união de duas forças que são importantes para a nossa segurança como a Polícia Civil, que era considerada antes uma das melhores, e a Brigada Militar, que há mais de cem anos respeitamos muito. Hoje essas entidades estão descaracterizadas, desmanteladas, desprotegidas e atiradas à sociedade como causadoras desse mal. E esse Partido que está aí, com esse Secretário, que é inteligente, mas não basta ser inteligente, tem que ser competente, e competência para gerar a segurança pública no Estado do Rio Grande do Sul realmente ele mostra que é proponente de uma ação que desmantela a Polícia Civil e a Brigada Militar.

Portanto, quero encerrar dizendo que nós estamos no caos, e vamos ter de agüentar até 6 de outubro para que nós possamos tirar o governo daí para, quem sabe, poder dialogar com a Polícia Civil e a Brigada para que possamos retomar a uma condição de segurança na Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, o Ver. Fernando Záchia falou da não-regulamentação de uma lei que tem interesse coletivo, sem dúvida nenhuma, mas eu penso que a Prefeitura Municipal, em matéria de regulamentação de leis - ainda que tenha grande quadro de Procuradores, e Procuradores competentes como o Dr. Fravreto, que acaba de ser eleito Presidente Nacional da Associação dos Procuradores - é muito deficiente na regulamentação de leis: ou não regulamenta ou regulamenta mal.

Na semana que passou, em um programa de televisão, eu falei sobre o fato de a Prefeitura ter determinado a retirada dos suportes para a colocação dos sacos de lixo, que era uma coisa muito boa instituída na Administração Telmo Thompson Flores, pelo Diretor Professor Júlio Rubbo, do Departamento de Limpeza Urbana. Eu dizia até que os sacos de lixo colocados e mal colocados nos passeios, nas chuvas mais fortes, são levados pela enxurrada e são causas de alagamento, e eu não entendia por que a Prefeitura tinha feito aquela determinação, que de repente cessou, tanto é que alguns suportes para a colocação dos sacos de lixo estão na Cidade, ainda. No dia imediato, o Diretor Campani foi à televisão, no mesmo canal que eu havia ocupado, para dizer que eu - me elogiando até - era um Vereador muito bom, muito respeitado, que havia sido várias vezes Secretário, Prefeito, devia conhecer a Lei; que a Lei de 1974 - dizia ele - determinava a impossibilidade de colocar os suportes. Creio eu que ele queria se referir ao Código de Posturas. O Código de Posturas foi feito por este Vereador, e o manuscrito do seu Projeto de Lei está no Memorial da Câmara para que ninguém tenha dúvida de quem fez. Não fala nisso. Depois, falou em outras Leis e regulamentos e só esqueceu do Código de Limpeza Urbana, que, no seu art. 39 determina a possibilidade de colocar no passeio o suporte para coleta para receber os sacos de lixos a serem coletados. Está lá com todas as letras. Mas, na regulamentação, a Prefeitura, com o seu grande corpo de Procuradores, proibiu a colocação dos suportes, permitindo no recuo de jardim. O recuo de jardim é meu e coloco o que eu quero. Eu não preciso da autorização da Prefeitura. O que está escrito no Código de Limpeza Urbana é que é permitido, e, se no Direito Público é permitido, pode fazer; se não está, não pode fazer. Então, eu gostaria que a Prefeitura tivesse muito mais cuidado com a regulamentação das leis.

Mas, agora no segundo semestre, nós vamos começar realmente a votar, porque no primeiro semestre nós poucos produzimos. Muito pouco. Nós vamos votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias em agosto, nós vamos receber o Orçamento até o dia 30 de setembro, e vamos, então, examinar esse Orçamento que a Prefeitura manda. O Dr. João Verle, enquanto Vereador aqui, dizia que o Orçamento é uma peça de ficção. Eu espero que ele não mande uma peça de ficção para cá. No acompanhamento da execução orçamentária deste ano o Imposto de Renda na Fonte está previsto em 40 milhões para este ano; no ano passado a Prefeitura arrecadou 46 milhões, só que, segundo eles, até no quinto mês do ano tinham arrecadado 7 milhões e 400. Onde está o resto do dinheiro? No Fundo de Participação dos Municípios, no ano passado, previam 18 milhões; arrecadaram 38 milhões e propuseram, para este ano, 23 milhões. Já arrecadaram 21 em cinco meses. De ICMS propuseram no ano passado 109 milhões; arrecadaram 192 milhões, e propuseram para este ano 136 milhões. É preciso que não seja uma peça de ficção o Orçamento que venha para esta Casa, porque o Dr. João Verle, que foi Secretário da Fazenda, Vereador nesta Casa, afirmava aqui que o Orçamento era uma peça de ficção. Sei que, quem faz uma afirmativa dessas, não mandará para esta Casa uma peça de ficção. Devo dizer que serei um fiscal muito rigoroso, porque faço o acompanhamento ano a ano, mês a mês da execução orçamentária, e este ano tenho na Prefeitura um Prefeito que não gosta da peça de ficção que é o Orçamento. No Orçamento se orça a receita e se fixa a despesa, e quero ver o Prefeito João Verle, ex-Secretário da Fazenda, ex-Vereador, ex-componente do Tribunal de Contas fazer um Orçamento que espelhe a realidade do Município de Porto Alegre. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, de ficção gosto muito, até porque sou professor de Literatura, mas eu gosto da boa ficção. Precisa ter história, precisa ter enredo e, no caso da Lei de Diretrizes Orçamentárias do Município, que apresentamos aqui, são movimentos de governo da Frente Popular para melhorar a vida da população de Porto Alegre. E o nosso Orçamento será um Orçamento que tentará buscar os recursos necessários para continuar o desenvolvimento econômico social da nossa Cidade, a inclusão social.

Temos já, a partir de ontem à noite, da Audiência Pública realizada sobre a entrada a Cidade, vamos dar a melhor resposta àqueles que nos acusavam do famoso favelão do PT, a reurbanização daquele importante espaço da entrada da nossa Cidade.

As questões levantadas pelo Ver. Fernando Záchia são cobranças justas, porque, de fato, no Projeto diz que devemos regulamentar, mas o Vereador deve entender que nós estamos fazendo um esforço muito grande de juntar todos os órgãos públicos que têm a ver com a questão do recolhimento desses alimentos. A saúde pública em primeiro lugar! Inclusive, a compra de carro-frigorífico para que esses alimentos não se deteriorem e não haja problema de contaminação, como acontece, freqüentemente, com alimentos depois de um certo tempo de cozimento ou de colocação para o consumo.

Portanto, nós estamos regulamentando, discutindo e queríamos dar essa resposta ao Ver. Fernando Záchia, que nos cobra a regulamentação. Esse é um papel do Executivo, que já está fazendo.

Aproveito este espaço final da minha intervenção para expor o que vejo diariamente nos jornais; inclusive, foi um assessor desta Casa que me chamou a atenção tempos atrás. Este é um jornal do dia de hoje, que tem publicidade. Chamamos isso de classificados. Eis que eu encontro aqui: “frente de CD para carro, compro e vendo” . Este tipo de publicidade tem aparecido com grande freqüência nos jornais da nossa Cidade. Isso aqui é uma demonstração cabal de receptação. Queria que a nossa polícia olhe para os classificados dos jornais. Nós encontramos nos classificados dos jornais a mais clara e mais visível forma de receptação de produtos roubados. Quem tem um estabelecimento comercial, uma loja, tem endereço, telefone fixo. Checamos quem faz este tipo de publicidade: ligamos para um telefone celular, o sujeito quer vir ao seu encontro. O sujeito não dá endereço fixo. O sujeito dá um telefone celular, porque isso aqui é receptação. Roubar é crime! Receptar é a mesma coisa do que roubar: é crime! Esse é um caso de cadeia, Ver. João Antonio Dib. Isso é um caso de cadeia! Melhor do que qualquer coisa, a nossa polícia precisa trabalhar com serviço de inteligência.

Quero registrar que eu mando para a Polícia Federal tudo! Eu lastimo que até hoje não tenhamos tido retorno da grande pirataria que se faz neste País. Recebemos na Internet todos os dias oferecimentos de gravação de CD, de programas de softwares, de música, por preço de banana e lá está o endereço eletrônico, quando, às vezes, não está, inclusive, um telefone.

É tão descarada, neste País, a ilegalidade, a criminalidade, e se constituem em coisas simples que estão debaixo do nosso nariz, estão na frente dos nossos olhos, registrados nos jornais de grande circulação de nossa Cidade, do País inteiro: receptação é crime, pirataria é crime!

Nós só não combatemos essas ilegalidades por falta de vontade política, por falta de visão, por uma incapacidade de fazermos uma estrutura nesse País em que os órgãos públicos, inclusive, policiais, tenham uma interligação.

Isso é um problema e eu os denuncio aqui. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Ver. Ervino Besson, que dirige os trabalhos, Srs. Vereadores, Vereadoras, público que nos assiste aqui e em suas casas. Eu havia preparado uma intervenção sobre a nossa ida, hoje, na Estação de Tratamento de Esgotos do Navegantes, onde ocorreu uma audiência pública sobre o Projeto Entrada da Cidade. Um Projeto extremamente importante para a nossa Cidade; um investimento total, Ver. João Antonio Dib de 140 milhões de reais, 50% por conta do Município e 50% do FONPLATA, em fase final de conclusão, que irá beneficiar cerca de doze mil moradores, diretamente, com cerca de três mil casas fora uma série de melhoramentos na região. Mas não posso deixar de tratar outros dois assuntos extremamente importantes e talvez deixe para outro dia, amanhã, para tratar da nossa ida lá nessa audiência pública.

O primeiro é o escândalo do arquivamento, da denúncia contra o Governador do Espírito Santo, contra o Presidente da Assembléia Legislativa do Espírito Santo e contra o crime organizado que tomou conta do Estado do Espírito Santo.

No dia 21 de maio, a OAB, baseada nisso, fez um pedido de intervenção federal no Estado, mostrando o envolvimento do Legislativo, do Executivo e até do Judiciário do Espírito Santo no crime organizado, no narcotráfico e assim por diante. Informe-se que o Presidente da Assembléia Legislativa é do PFL, mesmo Partido do Antônio Carlos Magalhães e de todos esses que desde o tempo da ditadura continuam encostados nos governos neoliberais. O Governador José Ignácio Ferreira, eleito pelo PSDB, responde a cinco processos no Superior Tribunal de Justiça. Pois bem, o Conselho Federal de Direitos da Pessoa Humana, o Procurador-Geral e o então Ministro Miguel Reale haviam aprovado a intervenção no Estado do Espírito Santo. O Sr. Presidente da República e o Procurador, alegando motivos políticos, depois de haver concordado, decidiram voltar atrás e arquivar esse processo de intervenção. Que razões políticas são essas, Ver. João Antonio Dib? Será o fato de a candidata a Vice-Presidente do Sr. Serra, “o Ministro da dengue”, ser do Espírito Santo? Será porque o Governador do Espírito Santo foi eleito pelo partido do Sr. Fernando Henrique? Evidentemente é um escândalo inaceitável.

Como falar em combater o crime organizado neste País, se o Presidente da República arquiva uma intervenção onde todos denunciam o Governador e o Presidente da Assembléia? Então, estamos vendo que há um grande contubérnio neste País entre os corruptos, o narcotráfico e o crime organizado. Esse é o primeiro tema.

O segundo tema é a piada do dia, Ver. João Antonio Dib: FHC ataca o neoliberalismo! Quer dizer, em época de eleição vale tudo, Ver. Ervino Besson. O Sr. Fernando Henrique, que é o mesmo que deu seguimento ao governo neoliberal de Collor de Melo, que entregou a Nação Brasileira, que levou o Brasil ao segundo maior índice de desemprego do mundo, que levou o Brasil a ser o segundo maior desmoralizado do mundo, com o risco-Brasil só atrás da Argentina, que quebrou; que levou o Brasil a ter a maior dívida interna do mundo, multiplicando por dez vezes; que diz que o caminho era o da modernidade e que o neoliberalismo era a salvação do Brasil, e assim por diante. Essa gente, agora - Ver. Ervino Besson, e sei que, aqui, temos a mesma compreensão da hipocrisia -, vem dizer que é contra o neoliberalismo. Isso não é nem a piada do dia, é a piada do ano.

Quero concluir, dizendo que é preciso que o povo brasileiro abra os olhos e dê um novo rumo para o Brasil, porque com essa gente que está destruindo a nacionalidade, que está acobertando o crime organizado, não há saída para o nosso País. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Solicito ao Ver. João Antonio Dib que assuma a presidência dos trabalhos, para que eu possa me manifestar em Comunicação de Líder pelo meu Partido.

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Ervino Besson está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PDT.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, senhoras, senhores que nos acompanham nas galerias, e pessoas que nos assistem pela TVCâmara. O Ver. Fernando Záchia manifestou-se, desta tribuna, a respeito do seu Projeto, em que ele colocou de uma forma muito clara que foi aprovado por esta Casa, por unanimidade, e que também no momento em que se dirigiu à Prefeitura Municipal para a entrega do Projeto foi recebido com muita alegria pelo Executivo Municipal. Esse é um Projeto, Ver. Adeli Sell, para reaproveitar aquilo que vai para o lixo, a grande quantidade de alimentos que sobra nos restaurantes e que são colocados no lixo. E nós sabemos, de quantas creches, asilos, enfim, todas essas instituições de caridade que fazem um trabalho social, muitas vezes e que sequer têm um prato de comida para dar para essas pessoas. É lamentável que hoje ainda se coloque essa grande quantidade de comida no lixo. Até hoje essa Lei não foi colocada em prática pelo Executivo. Mas não são só alimentos que vão para o lixo, temos outros tipos de alimentos que também são colocados em grande quantidade no lixo, por exemplo, Ver. João Antonio Dib, eu também fui diretor da CEASA, alguns tipos de frutas que hoje têm uma perda média de 30%. V. Ex.as sabem, o Chile, que é grande exportador de frutas do mundo e, com aquela extensão territorial, tem uma perda de 4% e nós, até mais de 30%. Portanto, temos que mudar o nosso conceito para que possamos reaproveitar e sanar a fome de tantas pessoas que não têm o que comer, e uma grande quantidade de alimento vai para o lixo.

No último fim de semana, apesar de todas as dificuldades que enfrentam hoje as nossas padarias, V. Ex.as sabem que eu tenho uma grande ligação com os panificadores da nossa Cidade. Tivemos o 22º Baile do Panificador, sábado, no União, e apesar de todas as dificuldades que hoje enfrentam as nossas padarias, - V. Ex.ª sabe que eu tenho uma grande ligação com os panificadores da nossa Cidade - nós tivemos o 22º Baile do Panificador, sábado último, no Grêmio Náutico União, com a presença, repito, apesar das dificuldades, de mil, duzentas e noventa e oito pessoas. Isso é graças ao trabalho da Diretoria, presidida pelo Sr. Arildo e a sua equipe, que faz um belíssimo trabalho reconhecido e de forma muito carinhosa por essa categoria que produz o alimento mais sagrado do dia que é o “pão nosso de cada dia”. Tivemos a presença do nosso candidato a Governador do Estado, José Fortunati; do candidato ao Senado, Ver. João Bosco Vaz; do Deputado Silvio Simoni: candidato a Governador do Estado, Antonio Britto; Deputado Busatto; Deputado Paulo Odone; Ver. Reginaldo Pujol. Portanto, foi um evento muito gratificante, especialmente para este Vereador que teve a oportunidade de receber este troféu (mostra o troféu) que é um reconhecimento que guardamos para o resto da vida, Presidente João Antonio Dib, nessa festa de tamanha envergadura, ser reconhecido por essa categoria como um político destaque do ano de 2001.

Quero, então, nesta Casa, a Casa do Povo, destacar e agradecer, de forma muito carinhosa, aos meus queridos amigos panificadores desta Cidade e do nosso Estado do Rio Grande do Sul. Muito obrigado, do fundo da minha alma, por esse reconhecimento. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Não havendo quórum, encerramos os trabalhos da presente Reunião.

 

(Encerra-se a Reunião às 10h29min.)

 

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